Como Branca de Neve - Um conto de Jady Santos

Publicado em 12/09/2015



A neve caia cada vez mais. Era um dia tenebroso, escuro, um dia, o dia em que uma linda menina nascerá tão branca como a neve que caia do céu. Suas maças do rosto e lábios eram perfeitamente corados e os poucos cabelos tão negros quanto aquela noite, naquele dia.
         Grace após dar a luz descansou. Quando viu aquele pequeno rosto tão delicado se alegrou e o pai Pedro todo orgulhoso ao ver a primeira filha nascer. Juntos viram o primeiro sorriso, igual o da mãe e cuidaram da pequena Elizabeth White com muito carinho...

Oito anos depois...


Era madrugada e eu estava aperta para ir ao banheiro, levantei em silencio e fui até o final do corredor. Na volta já aliviada ouvi vozes, parecia uma discussão ente homem e mulher, segui até de onde vinha à voz. Era do quarto dos meus pais. Encostei de leve na porta para ouvir o que estavam conversando, mal sabia eu que o pior estava para acontecer, se eu estivesse ido para a cama talvez a dor fosse menor.
- Onde você estava com a cabeça? - mamãe perguntou.
- Você não sabe de nada, trate de ir dormir. - Papai parecia bêbado.
- Ultimamente você chega tarde em casa e bêbado, nem vê sua própria filha.
- Minha filha me ama e você quer ser melhor que tudo.
- Não. Só queria meu marido de volta. - Ouvi um estralo como um tapa no rosto e depois um choro. Era minha mãe. Sai daquela porta e fui para o quarto, com lagrimas escorrendo em meu rosto e dormi de tanto chorar.

Sete anos depois...


Precisava escolher o vestido para a minha festa de 15 anos todos os meus amigos estarão lá, e o “gato” do Prince vai ir também. Depois do dia trágico quem que meus pais se separam e minha mãe simplesmente me abandonou (não é atoa que ficou pobre) eu vim morar com papai que era uma amor, me dava tudo que eu queria, não tinha regas nem nada era como se nos entendêssemos.
Eu e meu pai não éramos próximos, mas isso não me incomodava porque eu já tinha o que precisava: dinheiro. Jheny minha melhor amiga desde pequena ia comigo para o shopping para comprarmos meu deslumbrante vestido.
- Jheny o que acha deste rosa?
- Cheguei de mais. Veja este azul.
- Elizabeth o que acha de irmos ao cinema mais tarde?
- Tudo bem, estou precisando de um filminho. – Sai do provador. – O que acha deste?
- Não vai chamar a atenção, tem que ser algo que realce seu rosto. O que acha deste azul com amarelo?
- Bem vamos ver.
Depois de horas vestindo e trocando, (quase vesti a loja toda) escolhi meu vestido cor azul com detalhes em amarelo era lindo, perfeito para chamar a atenção de todos.
Depois do cinema encontramos Natali, a garota mais bonita da escola, e juntas fomos embora, já estava tarde e no dia seguinte tinha aula, não que isso atrapalhasse nossa diversão, mas ninguém quer estar com o olho inchado de sono no dia seguinte.

Era mais uma aula chata do Sr. Evans, ninguém suportava química, então eu e as meninas passávamos cartinhas umas para as outras, também conhecido como “MSN de papel”. O Assunto era quase o de sempre, Prince Michael, só que havia um problema, ele era diferente dos outros garotos, diria que é perfeito, um príncipe, mas não olhava para nós e para nenhuma outra garota, era o “nerd gato” e super fofo com todos, por isso não ligava em ficar com as garotas e nem ir a festas.
A noite seguinte seria de festa então fui convidar Prince pessoalmente, mas na verdade ele já havia recebido meu convite. Lá estava ele, loiro dos olhos castanhos, no seu armário, conversando com os colegas do vôlei. Ao vê-lo sair sozinho do armário indo em direção a saída do colégio corro e toco em seus ombros.
- Oi Elizabeth, tudo bem?
- O Prince. Bem eu gostaria de te convidar para a minha festa de quinze anos.
- Eu já recebi o convite.
- Gostaria muito que você fosse.
- Só se tiver bastante comida.
- Se o buffet não se atrasar prometo que terá muita comida.
- Haaaa. Tenho que ir White, nos vemos amanha, esteja linda.
- Tenta não usar saco de batata, já saiu de moda.
- Que pena eu estava louco para usa-lo.
E lá vai ele sorrindo e lindamente perfeito entrando no carro da sua mãe. Eu deixaria tudo pra saber se ele me ama. Segui meu rumo, fui para casa, mas meus pensamentos ficaram naquele tempo da nossa primeira conversa.

***
 No grande dia tudo estava perfeito, todos estavam se divertindo. Eu entraria às dez da noite, estava nervosa e muito ansiosa. Mas quando vi Prince vestido de príncipe meu coração disparou e o nervosismo aumentou, “acalmasse garota ele e apenas um garoto", o garoto que eu amava.
- Você esta linda. – Disse Jheny
- Obrigada amiga.
- Apenas arrase e seja você mesma.
 Agora era a hora, passando pela porta de entrada uma luz focou em mim e todos me olharam como se eu fosse uma noiva, caminhei em direção ao centro do salão peguei o microfone.
- Agradeço a todos que compareceram a minha linda festa, hoje é um dia muito especial para mim e vocês fazem parte dele. Obrigada.
Nem todos fariam parte do novo capitulo da minha vida, mas eu queria que apenas um entrasse nela. A musica voltou a tocar, uma valsa super-romântica, todos começaram a arrumar um par. Eu fiquei ali, parada, meus amigos não quiseram dançar comigo e minhas amigas já haviam arrumado um par. De repente senti alguém tocar meus ombros, não podia ser, era ele, Prince. Meus sonhos estavam se realizando.
- Será que a aniversariante gostaria de me dar à honra de uma dança?
- Uma princesa não pode negar uma dança ao príncipe.
Dançamos varias musicas juntos e conversamos, descobri que tínhamos muita coisa em comum, muito mais do que eu imaginava. Ele gostava de filmes que eu amava, de livros que eu amanhecia lendo e música que eu gostava de mais, só que ninguém sabia deste lado meu, eu era popular não podia gostar de ler nem ouvir as musicas de amor que eu ouvia, eu era o que não queria ser, mas acabei me acostumando com aquilo tudo.
 Mas tarde, depois de comer o bolo e tudo mais, fomos para fora do salão onde ninguém podia nos ver. Perto do poço onde estávamos havia um banco e nos sentamos ficamos admirando a lua que estava quase cheia, e continuamos a nossa conversa.
- Você podia ser assim sempre. - ele falou.
- Assim como?
- Divertida, engraçada e sem ter medo do que as pessoas vão dizer de você.
- Mas eu sou divertida e engraçada, sempre fui.
- Você foi quando seus pais moravam juntos, você era como sua mãe, encantadora, mas quando eles se separaram você ficou rude e assim ficou famosa, por ser bela, a mais linda e andar com os populares que não gostam de você, só querem se apoderar do seu dinheiro e da sua beleza.
- Não é verdade, minha mãe traiu meu pai, ela mentiu para ele, ela era a errada, ela era a falsa. E minhas amigas sempre foram leais e fieis a mim.
- Tem certeza, seu pai pegou tudo que era dela, ele ficou rico de uma hora para outra e quantas mulheres você viu que seu pai levou par casa quando eles se separaram?
- Bem talvez ele estivesse solitário.
- Bêbado como sempre.
- Não fala assim do meu pai.
- E quando suas amigas pagaram algo para você, quando saíram sem nenhum dinheiro e se divertiram apenas com um filme ou com as próprias palhaçadas que fizeram juntas?
- Eu... - eu não sabia o que dizer, estava confusa demais. - você não sabe de nada. - comecei a chorar, ele podia estar certo, mas eu não aceitava. - sai agora.
- Eu só quero te ajudar. - tentou pegar minha mão.
- Por favor. - desvie para ele não encostar em mim.
Ele saiu, foi embora, como a minha mãe foi quando eu era pequena. Eu chorei bastante, mas então olhei, mas fundo e vi o que eu estava escondendo quem eu queria ser e que ele tinha razão, papai vivia bêbado e a mamãe sempre chorava minhas amigas nunca foram em casa fazer uma festa de pijama e assistir filmes que eu queria ou se quer rimos de coisas idiotas. Eu estava sendo o lado mal de mim mesma. Depois de parar de chorar voltei a festa para pedir perdão ao Prince, mas ele já havia ido embora. Encontrei Jheny e perguntei a ela onde estava meu pai e o vi agarrado com uma mulher, a diretora da escola, isso só podia ser brincadeira, e para piorar ele estava bêbado e ela caidinha por ele.
- Amanha vamos ao cinema assistir um filme que vai estrear? - Jheny perguntou e eu me virei par ela.
- Não posso, não sou mas aquela garota que você quer que eu seja, eu sei toda a matéria que os professores passam, nunca colei de ninguém, eu gosto de ler e escutar música lentas que falam de amor, está é a verdadeira eu.
 Ela olhou para mim como quem não acreditava, sai da festa e fui para casa, chorei bastante até adormecer. No dia seguinte fui para a escola e todos comentavam sobre a minha festa, diziam que foi incrível, mas quando me viram chegar na escola notaram que estava diferente, não usava mais aquelas roupas que populares usam eu parecia uma garota nerd e tímida, era o que eu realmente era. Prince mudou de escola e eu tirei notas melhores, não tinha amigas, mas ainda era popular mesmo não querendo, isso porque eu venci várias vezes varias competições, estava me recuperando.
Três anos depois meu pai se casou com a diretora e fez da minha vida um inferno, mas mesmo assim consegui passar de ano e iria para a faculdade no ano seguinte. Jheny ainda era minha amiga, mas não como antes, diria que estamos moldando nossas vidas, mais certas coisas ainda me bloqueavam.  
Em um dia ensolarado, minha madrasta estava boazinha de mais, foi quando Jheny me chamou para dar uma volta no parque, e eu aceitei. Depois de horas de caminhada decidimos entrar no bosque do parque e acabamos nos perdendo foi quando eu ouvi um barulho estranho e fiquei assustada, aproveitando da situação Jheny pegou meus braços e os amarrou em uma arvore.
- O quê você está fazendo?
- Te prendendo para que morra.
- Eu pensei que você tinha um coração, um dia pensei que você era minha amiga.
- Desculpa, mas eu tenho ordens.
- Quem pediria algo tão horrível?
- Sua madrasta.
- Por quê?
- Você é a queridinha da escola e do seu pai, ela quer reinar sozinha.
- Por favor, Jheny não me deixe presa aqui, não quero morrer.
- Então fuja e não volte para a sua casa.
- Obrigada amiga. – Ela me soltou com lagrimas nos olhos eu sabia que aquela “bruxa” tinha feito alguma coisa para que Jheny fizesse algo terrível assim.
Ela me soltou, e então eu corri, corri como o vento sem olhar para traz, nem vi para onde estava correndo, estava assustada de mais para olhar para traz. Depois de horas correndo avistei uma pequena casinha de criança e estava ficando escuro e com tempo de chuva. Entrei na casinha e não avistei ninguém, comi algumas frutas e tomei agua, arrumei a casinha como se fosse minha e depois juntei algumas caminhas e dormi com o som da chuva.
- Ela é tão bonita. - ouvi a voz de uma menina.
- Parece uma princesa. - outra garota.
- Será que é a Branca de neve? - outra garota falou assustada.
- Será? Ela é branca como neve. - uma garota tocou na minha mão.
- E tem lábios rosados como uma rosa.
- E cabelos negros como a noite.
- Gente ela está acordando.
 Era estranho ouvir meninas falar que você parece uma princesa, ainda mais Branca de neve. Abri meus olhos e vi sete pequenas garotas com bonecas nas mãos, elas pareciam serem as donas da casinha e pareciam gostar de mim.
- Desculpe eu roubar um pouco a casinha de vocês mas é que eu fui expulsa de casa. Será que posso ficar por mais alguns dias?
- Só se topar ser nossa mamãe.
Assim brinquei com elas a manha toda e elas trouxeram comida para mim. Dormi naquela casinha uma semana, e a permanecia sempre limpa e arrumada. Uma senhora já de idade apareceu na casinha e me ofereceu uma maça, ela era doce e meiga, mas com certa desconfiança não aceitei, parecia que eu a conhecia de algum lugar, mas não era quem eu imaginara. Ela voltou no dia seguinte e com uma voz doce eu acabei aceitando a maça. Mordi um pedaço da fruta que estava deliciosa, mas comecei a me sentir tonta, foi quando eu vi quem estava por traz da fantasia de idosa que havia me enganado, era ela, sim minha madrasta, queria acabar de vez comigo.
- O que você fez?
- Acabei com o que estava me incomodando. Você. Bons sonhos queridinha.
Olhei para seu sorriso maléfico e enfim desmaiei.
***
Tive certo pesadelo onde eu comia uma maça e desmaiava em um sono profundo. Abri meus olhos lentamente era como se estivesse cansada de tanto dormir, mas eu não estava em minha cama estava deitada em um leito no hospital. Assustei-me e vi que havia mais alguém ali, não sabia quem era, nem se quer fazia ideia, mas estava com medo.
- Acalmasse você precisa descansar. - a voz conhecida e misteriosa que estava ao meu lado falou. E chamou a enfermeira.
- O que aconteceu comigo, porque estou aqui?
- Você está bem, hoje a tarde vai poder sair do hospital. - a enfermeira falou e depois saiu da sala.
- Acho melhor você se sentar. - de repente minha visão melhorou e vi que o garoto que estava ao meu lado, era meu único amor, Prince. Eu estava feliz, mas o que ele tinha a ver com o meu estado do hospital e como havia me encontrado? - Você comeu uma maça envenenada e desmaiou, minha irmã caçula me contou que havia uma garota desmaiada perto da casinha onde costumava brincar e então quando vi que era você peguei em meus braços e a trousse para o hospital. Você dormiu um dia inteiro.
Eu fiquei assustada e admirada com o que ele fez por mim, ainda mais depois de como tratei ele. Dois anos sem velo me fez perceber que ele havia crescido e estava ainda mais lindo, e olhava para mim como olhava naquele dia, os sentimentos continuaram os mesmos. Uma mulher com longos cabelos escuros entra na sala e com os olhos cheios de lagrimas me abraça docilmente, não fazia ideia de quem era, até sentir o cheiro de lavanda, era mamãe, sempre usava este perfume porque eu amava sentir o cheiro, assim eu a abraçava mais.
- Me perdoe querida.
- Eu é que preciso perdoa-la.
           Ficamos algumas horas conversando e Prince ali com a gente. Quando sai do hospital contei a policia o que havia acontecido e minha madrasta foi presa meu pai internado para tratar do alcoolismo e minha mãe recebeu parte do dinheiro que ela merecia. No dia seguinte Prince me chamou para um encontro, e te digo foi o melhor de todos.
- Você está linda. - eu estava vestida com meu vestido de quinze anos e ele de príncipe.
- Você está deslumbrante.
- Vamos parecer dois idiotas que vieram do século errado.
- É isso que nos faz especial. - ele falou me dando um beijo.
- Quem diria meu primeiro beijo.
- Quem disse que é o primeiro.
- Como assim? Nunca nos beijamos e nunca beijei ninguém.
- Eu te beijei como quando o príncipe beija a Branca de neve para acorda-la de um sono profundo.
- Você não se atreveu? Como pode?
- Precisava acordar minha princesa.
           Bem você já sabe o final, nos beijamos novamente e vivemos felizes para sempre, mas o “fim é apenas o inicio”.


Fim

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